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ACREDITAR QUE SEU FILHO É CAPAZ

24 de novembro de 2019

Durante o desenvolvimento das crianças, os pais se deparam com muitos “marcos” que, após transpassados, geram mudanças significativas no comportamento dos pequenos, conduzindo-os para novas etapas. Como exemplos desses momentos cruciais, estão o aprender a andar, a falar, o desfralde, a retirada da mamadeira e da chupeta, entre tantos outros.
Não há dúvida de que o ritmo de crescimento e desenvolvimento das crianças na primeira infância é muito acelerado. Entretanto, nem sempre os pais conseguem perceber e acreditar que seu filho já apresenta condições para superar determinado desafio. Afinal, os adultos não modificam seus padrões de pensamento e comportamento com tamanha rapidez. Dessa forma, quando deparados com a possibilidade do filho enfrentar um novo desafio e ultrapassar mais uma fase de sua evolução, é comum os pais dizerem: “mas ele ainda é tão pequeno! Acho que não está preparado! Isto vai causar muito sofrimento…”. Diante desse pensamento, muitas vezes deixa-se de dar à criança a oportunidade de enfrentar e superar etapas, assim como de conquistar maior autonomia e confiança em seu potencial. Outras vezes, a família vai postergando o enfrentamento desses momentos até, um dia, perceber que “já passou da hora” do filho atingir um objetivo, passando a agir de modo mais radical e carregado de ansiedade, no intuito de impelir a criança ao comportamento desejado.
Deve-se agir com prudência nessas situações para que estes momentos não se tornem fontes de insegurança e ansiedade. O primeiro passo é procurar conhecer um pouco mais sobre as etapas do desenvolvimento infantil, o que se consegue sem muita dificuldade a partir de leituras e conversas com profissionais, como o pediatra ou os professores. Através deste conhecimento, os pais podem identificar quais os comportamentos que já são esperados de seu filho naquele momento ou muito em breve.
Além disso, é fundamental construir o hábito de se observar a criança no ambiente familiar, contando também com a parceria da escola, que poderá trazer importantes contribuições sobre o desenvolvimento dos pequenos no espaço social. Com base nos conhecimentos adquiridos sobre a etapa do desenvolvimento em que seu filho se encontra, os pais conseguirão realizar uma observação mais específica, identificando melhor os sinais que indicam oportunidades para um novo aprendizado.
Quando tais sinais são verificados, os pais decidem que está na hora de… (retirar a chupeta, iniciar o desfralde, deixar de usar a mamadeira, etc). O passo mais difícil para muitos deles vem a seguir: acreditar que o filho será capaz de superar os desafios com algum esforço.
Muitas vezes, tem-se a fantasia de que, se os pais pouparem o filho pequeno de todas as frustrações ou sofrimentos, ele será mais feliz. Entretanto, quando a criança não se depara com dificuldades ou necessidades, acaba não desenvolvendo as habilidades necessárias para o enfrentamento da realidade que a cerca. Os reflexos disso podem ser a excessiva intolerância às frustrações ou o rebaixamento na autoconfiança. Dessa forma, ao invés de se conquistar maior felicidade, o que se consegue é uma sensação de intenso desconforto no meio social.
Quando a família decide investir na superação de uma nova etapa pela criança, é necessário que o adulto esteja mais disponível e preparado para as possíveis manifestações de ansiedade ou frustração de seu filho. É recomendável que estes desafios sejam lançados em momentos em que a rotina esteja bem estabelecida. Além disso, é importante que os pais tenham paciência e persistência para acolher e compreender os sentimentos e as alterações de comportamento da criança, encorajando-a com propriedade.
O ser humano constrói sua auto-imagem a partir do que os outros sinalizam sobre ele, ou seja, quando somos olhados ou tratados como frágeis, assimilamos esta mensagem e acabamos incorporando os sentimentos de fragilidade e incapacidade. Em contrapartida, quando as pessoas nos tratam como fortes e capazes, vamos construindo maior confiança em nosso próprio potencial.
Vale ressaltar que não basta apenas dizer a seu filho “você é forte!”, “você é capaz!”, “acredito que você vai conseguir!”. As crianças são especialmente sensíveis à linguagem não verbal, ou seja, às expressões faciais, ao tom de voz, ao olhar, à postura corporal e a tantos outros sinais que também comunicam o que pensamos e sentimos. Portanto, quando os pais dizem “você vai conseguir!”, mas a expressão corporal está indicando desconfiança ou insegurança, a criança percebe que algo está errado e aquela mensagem não é recebida por ela com a mesma firmeza.
Da mesma forma, quando o adulto diz “esta tarefa é muito fácil, você vai tirar de letra!”, diante de uma atividade muito desafiadora para a criança, qual a sensação que ela terá? Certamente, ou a criança não confiará na resposta do adulto, já que a mesma não condiz com sua percepção, ou poderá se sentir inferiorizada por achar tão difícil algo que deveria ser tão fácil. Então, é muito mais assertivo dizer: “esta tarefa parece ser difícil, mas você precisa tentar, pois acredito que pode conseguir!”.
Diante dos desafios do desenvolvimento, os pais precisam estar sensíveis aos sentimentos e à visão de mundo da criança, demonstrando acolhimento e compreensão, mas também acreditando na capacidade de enfrentamento e superação de seu filho. Quando isto ocorre, as dificuldades da vida vão deixando de ser vistas como empecilhos, mas passam a receber um significado muito especial: passam a constituir oportunidades.