Dia da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil
2 de junho de 2020 Por ser considerado um dos principais desafios para o século XXI, o combate a obesidade mórbida infantil ganhou uma data: dia 03 de junho é mundialmente dedicado a reflexões sobre o assunto… Por isso, hoje convidamos nossa nutricionista, Nani Culubret para falar a respeito. Confira:
Em uma sociedade cujo substrato é a estética, a figura do vencedor e que valoriza a aquisição de bens, ser diferente é comprar uma passagem para o sofrimento. Nunca, em nenhum outro tempo, o jovem foi tão pressionado para a busca incessante da perfeição; mas independentemente das questões estéticas, um problema maior e mais abrangente se propaga: a obesidade infantil.
Assim como no adulto, essa realidade está acometendo cada vez mais crianças e adolescentes, que no Brasil cresceu 240% nos últimos 20 anos. São cerca de 6,7 milhões de crianças e adolescentes obesos no País, segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Estudo recente aponta que crianças acima do peso possuem 75% mais chance de serem adolescentes obesos e adolescentes obesos, têm 89% de chance de serem adultos obesos. A consequência de obesidade na infância para a vida adulta é o aparecimento de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, que podem matar precocemente no período de grande produtividade na fase adulta.
A obesidade infantil é caracterizada pelo excesso de peso entre bebês e crianças de até 12 anos de idade. A criança é identificada como obesa quando seu peso corporal ultrapassa em 15% o peso médio correspondente a sua idade.
CRIANÇA NÃO FAZ DIETA! VAMOS FALAR DE PREVENÇÃO E NÃO “COMBATE”.
COMO OS PAIS DEVEM AJUDAR?
- Além de centrar ações nos primeiros dias de vida, como o incentivo ao aleitamento materno, o estímulo ao hábito saudável e em mudanças na alimentação, deve ainda aliar aumento da prática de atividades físicas.
- “Fazer dieta restritiva desregula o cérebro, aumenta o apetite, a obsessão por comer e o comer emocional. O seu cérebro percebendo uma falta de comida reduz o metabolismo e começa a “economizar”. Esses efeitos são
- ainda mais fortes em crianças que estão em desenvolvimento. Em vez de ajudar a criança com restrições, você estressa o cérebro dela, levando à tristeza, depressão ou mesmo comer escondido.” (Sophie Deram)
- Hoje está cada vez mais claro e comprovado que devemos enfatizar uma abordagem chamada “mindfuleating” ou alimentação consciente. É uma forma compassiva e holística para conseguir-se uma alimentação saudável. Ela não somente foca nos alimentos que comemos, mas também como comemos e como nosso corpo se sente. Devemos respeitar a fome e prestar atenção à vontade e saciedade, conexões emocionais com a comida e os relacionamentos envolvidos em comer. Essa alimentação consciente concentra-se em aspectos positivos e não negativos.
Adotar hábitos de alimentação saudáveis para a família toda, algumas dicas são:
- A boa alimentação deve conter pouca gordura, ser moderada em calorias e rica em fibras, além de vitaminas e sais minerais. Crie novos hábitos alimentares saudáveis.Evitar comprar alimentos industrializados, que são açucarados ou gordurosos, como bolachas, refeições pré-preparadas (super processadas); Limitar as guloseimas e evitar fast-foods;
- Comprar uma grande variedade de frutas e legumes e dar preferência às frutas cítricas e aos vegetais comidos crus;
- Não oferecer refrigerantes à criança, dar preferência à água e sucos de fruta naturais – nos momentos corretos;
- Comprar um prato de tamanho infantil e colocar quantidade suficiente ao tamanho da criança;
- Evitar que a criança fique distraída durante a refeição, não deixando que veja televisão ou utilize jogos;
- Determinar horários para as crianças fazerem suas refeições evita que elas comam o dia inteiro;
- Mastigar várias vezes o alimento antes de engolir facilita a digestão.
- Desencorajar dietas, pular refeições ou remédios. Procurar um estilo de vida e hábitos saudáveis em vez de focar no peso.
- Promover uma imagem corporal positiva na criança. Não encorajar insatisfação com o corpo ou usar essa insatisfação como uma razão para fazer dieta.
- Procurar ter mais refeições em família.
“Limpa o prato ou não sai da mesa!”, “Só mais três colheradas!”, “Se comer tudo ganha um presente!”.
Ao fazer essas imposições às crianças, o que acontece é que os pais estão interferindo na oportunidade de autoconhecimento dos filhos em entenderem os limites e os mecanismos de fome e saciedade do seu organismo.
Aos pais, que sirvam de bons exemplos para os filhos! Esta é uma herança que não depende da sociedade, mas do equilíbrio e do bom-senso. Que a família assuma seu papel de grande educadora em meio propício ao desenvolvimento da mente, moral e corpo saudáveis.
A obesidade infantil é fato e deve ser evitada e tratada com seriedade. Para orientações individualizadas é importante a ajuda de um nutricionista.
Reference: Golden N, Schneider M, Wood C (2016). Preventing Obesity and Eating Disorders in Adolescents. Pediatrics: published online August 22, 2016.
Nani Culubret
Nutricionista CRN8/683