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O limite ao uso de telas na quarentena

14 de setembro de 2020

Muitas famílias têm expressado preocupação com relação à dificuldade de estabelecer limites para o uso de eletrônicos pelas crianças neste período de distanciamento social. 

Todos sabemos que o uso excessivo desses recursos pelas crianças acarreta prejuízos para o desenvolvimento das habilidades sociais, do pensamento criativo e da capacidade de atenção concentrada. Porém, no atual contexto, considerando que pais / responsáveis estão lutando diariamente para dar conta de uma diversidade de demandas, sabemos que se torna inevitável recorrer com maior frequência aos eletrônicos como forma de manter as crianças entretidas e seguras. 

Como, então, estabelecer e fazer cumprir os tão necessários limites ao uso de telas, mantendo ainda condições para atender às diversas exigências que se impõem em nosso cotidiano? Listamos aqui algumas sugestões para as famílias se organizarem e buscarem um bom equilíbrio neste aspecto: 

1. Tenham uma conversa em família, num momento mais calmo para todos, onde os adultos possam expor por que é necessário evitar o excesso de uso de telas pelas crianças. Expliquem para seus filhos que as crianças possuem uma grande carga de energia no corpo (como um caminhão carregado de areia), a qual precisa ser “colocada para fora” por meio de movimento corporal. Assim, quando elas pulam, correm, se movimentam e exploram materiais, conseguem descarregar parte dessa energia e se sentem mais leves e calmas. Porém, quando essa carga fica “presa” e não consegue sair (como quando se fica parado em frente a uma tela), ela se transforma em tensão, deixando as crianças mais irritadas, chorosas e estressadas. Expliquem que, por esta razão, toda criança precisa de um bom tempo para brincar, criar, resolver problemas “na prática”, explorar materiais, enfim, movimentar-se. Dessa forma, os adultos devem colocar limites para o uso de eletrônicos. 

2. Ainda num momento mais tranquilo (final de semana, por exemplo), explorem os brinquedos e materiais disponíveis em sua casa junto com seu filho. Descubram juntos diferentes possibilidades de brincar e criar. Muitas vezes as crianças se desestimulam rapidamente porque não percebem outras possibilidades de explorar algum brinquedo ou material, querendo logo partir para outro. É importante que os adultos mostrem que há diversas brincadeiras possíveis com um mesmo brinquedo ou diversos usos para um mesmo material. 

3. A partir daí, a família pode construir uma lista de atividades e brincadeiras que a criança pode realizar sozinha, enquanto os pais estiverem ocupados com outras funções. Registrem as ideias (com escrita e/ou desenhos) e coloquem num local acessível para os pequenos, para que eles possam recorrer à lista como fonte de ideias sempre que necessário. 

4. Disponibilizem para seu filho uma parte dos materiais e brinquedos que possui, para que os mesmos, de tempos em tempos, sejam trocados. Deixar tudo disponível de uma vez pode gerar perda de foco e desorganizar demais a criança. 

5. Depois dessas ações, combinem em quais momentos e por quanto tempo, a criança poderá usar os eletrônicos. Cabe aqui a cada família ajustar este limite de acordo com sua necessidade atual. É natural que este tempo, na realidade de distanciamento social, seja maior do que aquele que estipulávamos numa rotina “normal”, mas devemos nos esforçar para que o limite colocado esteja claro para todos e seja cumprido. 

6. Utilizem um relógio de ponteiros para mostrar à criança quanto tempo ela terá para utilizar as telas. Ao iniciar o período, mostrem onde o ponteiro grande (correspondente aos minutos) está e expliquem que, quando ele chegar no ponto combinado, será o momento de parar. Assim, ficará mais fácil para a criança aceitar quando chegar a hora de interromper a atividade, pois será possível “visualizar o tempo passando” e entender o limite estipulado no combinado inicial. 

As ações listadas visam auxiliar as famílias com estratégias que facilitem a compreensão e a adesão das crianças à colocação dos limites ao uso dos eletrônicos. Como todo processo educativo, será necessário que os adultos persistam nas ações propostas, pois nem sempre os resultados aparecem de modo rápido ou imediato. A reestruturação de nossas rotinas, a paciência e a persistência serão ingredientes fundamentais para o alcance de um equilíbrio suficiente nesta fase. 

Alessandra Janz Cheron (psicóloga escolar) e Equipe de coordenação / direção escolar.